Estou (eu, a Fátima, a Maíra e o Gabriel)
em São Luiz do Purunã.
Escrevendo peças novas
(DORA DESABALADA e OTTO E MARIA)
e também revendo textos antigos.
É bom isso de rever textos.
Achei uns que eu não me lembrava mais
e gostei de lembrar deles.
Rasguei outros que lembrava
mas que resolvi "deslembrar" para sempre.
Achei lá numa pasta de textos um
que eu fiz para o programa da peça "JUVENTUDE"
dirigida pelo Felipe Hirsch em 1998,
que gostei e que segue abaixo :
Pegue um dia qualquer da sua vida,
pode ser um dia de chuva ou não,
no outono ou no inverno, qualquer dia,
desde que seja depois de que
você tenha 40 anos e tenha filhos.
Pegue este dia e ponha seu filho
sentado ao seu lado,
na sala ou debaixo de uma árvore,
no sótão ou na praia ao lado do velho barco
cheio de cicatrizes de areia.
Olhe para o seu filho e diga-lhe
que ele não é imortal.
Diga a ele que a vida desliza pelo tempo
e que o Papa vai morrer,
que Madonna vai morrer,
assim como John Lennon morreu
e que morreremos todos um dia.
Diga que é verdade que a vida é eterna,
mas, com outros personagens
que se substituem a cada cena pelos anos.
Diga que você vê nele
- e através dele -
um túnel que leva ao futuro
que você nunca vai alcançar
e nem ele.
Diga que quando os homens
finalmente descerem em Marte,
um outro, que não você e nem ele,
descerá da escada da nave
e colocará sobre aquela longínqua areia vermelha
o seu pé.
Diga que o poeta e astrônomo persa,
Omar Kayhan,
estava certo em seu Rubayat
e que "a efêmera suavidade da vida,
do amor e do prazer,
são tudo o que nos resta
e tudo o que nos devia interessar
nesta curta jornada da vida".
Talvez ele não acredite em você.
Talvez, não: certamente ele não acreditará em você
porque em seus olhos a luz cegante da juventude
ainda brilha tão forte que o impede de ver o mundo,
com seus minutos galopantes e suas horas disparadas.
Mas, mesmo assim,
você lhe terá dito tudo o que um pai
pode ser um dia de chuva ou não,
no outono ou no inverno, qualquer dia,
desde que seja depois de que
você tenha 40 anos e tenha filhos.
Pegue este dia e ponha seu filho
sentado ao seu lado,
na sala ou debaixo de uma árvore,
no sótão ou na praia ao lado do velho barco
cheio de cicatrizes de areia.
Olhe para o seu filho e diga-lhe
que ele não é imortal.
Diga a ele que a vida desliza pelo tempo
e que o Papa vai morrer,
que Madonna vai morrer,
assim como John Lennon morreu
e que morreremos todos um dia.
Diga que é verdade que a vida é eterna,
mas, com outros personagens
que se substituem a cada cena pelos anos.
Diga que você vê nele
- e através dele -
um túnel que leva ao futuro
que você nunca vai alcançar
e nem ele.
Diga que quando os homens
finalmente descerem em Marte,
um outro, que não você e nem ele,
descerá da escada da nave
e colocará sobre aquela longínqua areia vermelha
o seu pé.
Diga que o poeta e astrônomo persa,
Omar Kayhan,
estava certo em seu Rubayat
e que "a efêmera suavidade da vida,
do amor e do prazer,
são tudo o que nos resta
e tudo o que nos devia interessar
nesta curta jornada da vida".
Talvez ele não acredite em você.
Talvez, não: certamente ele não acreditará em você
porque em seus olhos a luz cegante da juventude
ainda brilha tão forte que o impede de ver o mundo,
com seus minutos galopantes e suas horas disparadas.
Mas, mesmo assim,
você lhe terá dito tudo o que um pai
tem a dizer a um filho.
E, depois de alguns anos,
talvez sob o teto de uma outra casa,
que estará sob esta mesma lua que hoje viaja conosco,
ele dirá ao seu neto o que aprendeu com você nesse dia.
E, depois de alguns anos,
talvez sob o teto de uma outra casa,
que estará sob esta mesma lua que hoje viaja conosco,
ele dirá ao seu neto o que aprendeu com você nesse dia.
Enéas Lour / 1998
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2 comentários:
Olá, vizinho. Adorei o portãozinho de Mauá. Mas que bom que estão por perto, agora. Como diz o pessoal de São Luiz,Balsa Nova: "mecê chegue". E dá um beijinho pra Fá por mim!
Bjos,
Joanita
Estes texto! Juventude! É um de meus prediletos. Quando dou aulas de teatro, volta e meia mostro para meus alunos, eles gostam! Não como eu, mas, gostam! bjos
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