ONDAS E NUVENS
Não há o que impeça um homem
de ser solitário.
Nem mulher, nem mesa,
nem cama podem impedir
um homem de ser só.
Os homens são assim : solitários.
Nem todos, mas, alguns.
As mulheres não.
Elas
- talvez porque os tenham parido -
não são assim.
Elas são uma espécie diferente
da dos homens.
São como uma colônia única,
todas elas, as mulheres.
Ou pelo menos quase todas.
Algumas não.
São as exceções: as solitárias.
Como por exemplo: as gêmeas.
Repare: uma das gêmeas sempre
é solitária e a outra nunca!
A solitária vai crescer com
a razão amarrada nos cabelos.
A outra vai crescer
como quase todas as outras mulheres:
junto com a terra.
Claro que esta é uma equação natural
e, portanto, figura assim:
toda repleta das incógnitas humanas.
Os meninos, antes de serem homens,
têm muito de mulher,
ao contrário das meninas
que são mulheres desde que nascem
até ficarem velhas
e então se assemelharem aos homens.
Todas as velhas são homens femininos,
com suas rugas, suas orelhas cabeludas,
suas vozes roucas e suas lembranças repetitivas.
Já os velhos não!
Os velhos são homens
velhos solitários somente,
como sempre foram
- nem todos, mas, alguns.
E os outros velhos são
quase mortos somente.
Nem um nem outro
- homens e mulheres,
meninos e meninas -
não são,
em ponto algum que seja,
nem melhores e nem piores entre si!
São tão somente assim:
alguns e nenhuns.
Como ondas e nuvens.
Pessoas.
Não se distinguem a olhos desmedidos!
São como músicas
que vão aos poucos adquirindo suas letras
durante a vida!
Alguns solitariamente e outros em coro.
Texto e Ilustração de Enéas Lour
3 comentários:
Lindo Lour, lindo!!!
Rosy
Que texto lindo! Parabéns, Enéas Lour, você está escrevendo cada vez melhor! Camila
Realmente. Texto muito criativo! Vou acompanhar seu blog. MC
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