ENÉAS LOUR É ATOR, DRAMATURGO, CENÓGRAFO E DIRETOR TEATRAL

6 de mar. de 2010

PERSONAGENS


 

Júlia Maria da Costa
filha de Alexandre José da Costa e Maria Machado da Costa, 
casou-se com o Comendador Costa Pereira, 
chefe do Partido Conservador. 
Viveu toda a vida na ilha de São Francisco do Sul,
em Santa Catarina, e ali faleceu.

Foi uma figura controvertida, forte, 
decidida e à frente de seu tempo. 
Publicou dois livros: Flores Dispersas, e Flores Dispersas II.
Sob os pseudônimos de Sonhadora, Americana e J.C. entre outros,
escreveu, além de poesia, muitas crônicas-folhetins, 
que hoje chamaríamos de crônicas sociais,
analisando a moda e relatando festas.

Júlia da Costa casou, em 1871,
por conveniência e imposição familiar,
com um homem rico e trinta anos mais velho,
mas, amou o poeta Benjamin Carvoliva, cinco anos mais novo.
Correspondia-se com ele quase que diariamente
durante o namoro e, quando casada, em segredo.
Em uma das cartas, que eram colocadas em esconderijos diversos,
tais como o oco de uma velha árvore,
Júlia sugere que fujam os dois, mas, 
quem foge é seu amante diante a ousadia da poetisa. 
Desiludida, Júlia passa a escrever poemas febrilmente,
cada vez mais desesperançados e melancólicos, 
começa a freqüentar mais e mais serões e festas,
pintar os cabelos de negro
(em uma época em que somente meretrizes e artistas o faziam),
pintar o rosto e usar muitas jóias,
participar de campanhas políticas
e publicar em jornais e revistas,
tornando-se uma lenda viva em sua pequena cidade.

A solidão se tornou cada vez maior
depois da morte do Comendador,
que a habituara a receber catarinenses ilustres
em banquetes e saraus.
Viúva, cansada das festas, fecha-se em casa
com manias de perseguição.
Durante o tempo que permanece enclausurada
planeja escrever um romance e, para tanto,
confecciona painéis coloridos
com cenas campesinas, interiores de lar e paisagens
que espalha pelas paredes.

Em sua solitária velhice a poetisa 
Júlia da Costa enlouquece
e permanece fechada no sotão do seu casarão por oito anos,
dele só saindo para o cemitério.

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Trecho do livro "Júlia" de Roberto Gomes 

“Não tenho escrito versos. 
Não é que eu não queira,
mas, eles simplesmente me abandonaram. 
Faço às vezes algumas anotações,
penso que o impulso de escrever
vai novamente emergir, mas, é engano meu. 
Nada de forte, de original, sai de meu coração.
De um coração morto não costuma sair boa poesia.
A poesia precisa de crenças, de sonhos,
de horizontes amplos para se expraiar.
Precisa de um coração aberto e de generosidade.
Eu, ao contrário,
me sinto seca, estéril, sem nada a dizer.”

Júlia da Costa
 
 
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