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ASSASSINO
(Conto de Dalton Trevisan - Ilustração de Enéas Lour)
É caminhoneiro,
viaja por todo o país, às vezes mais de mês fora de casa.
Quando encontra a mulher grávida, o tipo fica possesso:
- Meu? Esse aí? Nunca que é!
A moça muito religiosa, ele o único homem.
- Meu? Esse aí? Nunca que é!
A moça muito religiosa, ele o único homem.
Feliz que terá enfim companhia
nas longas ausências do marido.
Cada vez que ele chega:
- Esconda essa pança medonha. Nada tenho com ela.
No fim da gravidez:
Cada vez que ele chega:
- Não é meu esse bicho.
E xinga:- Dessa barriga o pai não sou.
Na outra viagem:- Esconda essa pança medonha. Nada tenho com ela.
No fim da gravidez:
- O quê? Ainda penha? Não se livrou desse trambolho?
Nasce uma menina, bonita, alegre, sempre de fita no cabelo.
A amiguinha da mãe que, desde então,
evita o assédio do marido.
A criança adora o pai, que repele o seu agrado:
- Sai pra lá, você!
Na partida, manobrando de ré o caminhão, ele passa pelo corpinho da menina.
Mais que alegue inocência, para a mulher foi de propósito.
- Assassino, sim. Da tua própria filha. bandido.
Há que queimar no inferno. Monstro!
Absolvido no inquérito, mas não por ela, que o recebe aos gritos de três vezes maldito.
Na viagem seguinte morre de mal súbito.
Na viagem seguinte morre de mal súbito.
A mulher não chora e nem veste luto:
- E um assassino merece?
2 comentários:
Grande mestre o Dalton! Bonita imagem sobre o conto, Enéas. Parabens. Otávio C.
ai que vontade de escrever contos.... grande Dalton. Cara ousado.
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